Canções de Amor


Apagam-se as luzes...

Les Chansons D'amour
de Cristophe Honoré


Num primeiro momento não me chamou muita atenção, veja bem: cinema francês plus musical - confesso que até então eram dois pontos super negativos para mim.
Mas depois que assisti só me fez querer conhecer mais desse produtor, que possui outros trabalhos que à primeira vista parecem ser tão interessantes quanto. Nunca vi "Ma Mére" nem o tão elogiado "Dans Paris" , e agora digo com certeza que estou perdendo o que me espera nesses filmes!

No “Canções”, Cristophe Honoré se revela como um diretor atento e criativo, cujo discurso atinge em cheio quem realmente está afim de ouvir. Tudo que sai do filme é prova viva disso. Uma dica, se você assistir ao trailer e ainda assim se sentir na defensiva, baixe a guarda, pois o que te espera em todos os segundos do filme pode te surpreender completamente.
O filme trata basicamente de um triângulo amoroso formado pelos personagens Ismael, Julie e Jeanne, a trama se desenvolve com seus contratempos até a chegada do Jovem Erwann, que balança o relacionamento do threesome (daí cabe a você assistir para que eu não revele mais nada aqui e acabe perdendo a graça).
Honoré trata com o mais meticuloso cuidado tudo que é exibido na tela. Os personagens, as canções, os cenários, tudo se completa e define os rumos do filme (muita atenção ao trecho do anjo da praça da Bastilha, pois é um divisor de águas no enredo, o que pra mim foi incrível, uma estátua da praça que se define como uma personagem e guia os rumos da história, auxiliada pelas pessoas e pelas condições climáticas, rs).
E depois disso tudo o filme nos puxa pra dentro dele e nos faz querer cantar alguns trechos das canções de nossas próprias vidas.

Os atores são competentes, com especial atenção ao triângulo original: Louis Garrel, Ludivine Sagnier e Clotilde Hesme.
Chiara Mastroianni, Grégoire Leprince-Ringuet e Brigitte Roüan também se evidenciam, embora de um jeito mais leve quando comparado com a intensidade dos primeiros. As suas interpretações musicais são sentidas ao menor diálogo, com especial enfoque para o "Si tard" de Ludivine Sagnier, numa das cenas mais emotivas do filme.

Sobre o enredo, ainda não conheci ninguém que o desvende por completo. E essa é a alma do projeto. Num retrato sobre o cotidiano, num ambiente urbano, o inesperado vive a cada esquina e a cada pessoa com que se cruza. A moral da história deixa de existir e cada um define a sua vida. As pessoas são pessoas e caracterizam-se por si, conquistando o seu espaço, e dando-se ao outro. O amor vive nas ruas de Paris para quem quiser encontrar, receber, abraçar e cantar "Eu te amo".

Não pense que você vai encontrar no “Canções” mais um daqueles típicos filmes franceses onde tudo é confuso e tudo é música e choradeira (rs), pelo contrário, ele mostra um lado muito interessante da juventude francesa, onde podemos observar de perto um pouco da vida dessas pessoas, seus conflitos internos, o que fazem pra se divertir e quais são suas crenças.É um filme onde a alegria se confunde com a tristeza, e a honestidade de cada letra inspira o espectador para a sua caminhada de volta a vida real.
Honestamente, para mim, uma das maiores surpresas dentre os que vi esse ano, e com toda a certeza um dos melhores filmes feitos ultimamente.


“Love me less... but love me a long time.” (Erwann - Grégoire Leprince-Ringuet)


Confira os trailers nos links abaixo:

Les Chansons D’amour - http://www.youtube.com/watch?v=6rb78k72vGE

2 comentários:

paulo [dunga] disse...

Sinopse completona makako! Dá pra ficar imaginando a cena do anjo na praça da Bastilha pela tamanha importância que é passada no texto. =]

Agora falta a Miss Lang começar a postar também.

[abraços.]

Unknown disse...

oiee...
fer, parabens pelo texto, ficou otimo...
agora to doida pra ve esse filme!! heheh...

beeijão